25 ABRIL E O ASSOCIATIVISMO
25 abril, 2009


25 ABRIL E O ASSOCIATIVISMO

Para que o papel das associações possa ser assumido de forma plena no século XXI torna-se necessário e imperioso que seja aprofundado o debate sobre os conceitos “democracia cultural” e “democratização da cultura”.
Antes do 25 de Abril ( muitos que viveram o associativismo nesse tempo sabem) o associativismo era, por vezes, uma “ilha de cidadania”, por vezes, a única brecha por onde, na verdade, se abria ao cidadão o acesso a um lugar onde podia participar, viver a democracia e promover dinâmicas desportivas, recreativas e culturais.O associativismo era, sem dúvida, um espaço, onde a criatividade, a vontade de fazer, era vivida de forma intensa e criadora. E foram feitas tantas coisas tão belas.Talvez, por essa razão, o regime vigiava e controlava a vida das associações. Quando, em alguma associação era promovida uma qualquer iniciativa que, de facto, não agradava ao regime, de imediato os dirigentes eram chamados e admoestados pela Polícia Política. Mas as associações mantiveram-se vivas, activas, sempre na procura de melhores condições para a comunidade e para os seus associados.
A diversificação de dinâmicas sociais
Após o 25 de Abril o associativismo continuou a ser esse espaço de afirmação da liberdade.Mas, então, novos problemas se colocaram na vida das associações.A diversificação de dinâmicas. A criação de novos espaços de afirmação da cidadania. A vida dos partidos políticos. As Comissões de Moradores. A vida sindical. As Comissões de Trabalhadores. As dinâmicas de um Poder Local actuante e mais perto dos cidadãos. O nascimento de novas e diversificadas associações – de jovens, de idosos.O associativismo começa a ter que lutar com os seus próprios meios para conseguir sobreviver, renovar-se e manter-se activo numa sociedade em profunda mudança.Manter as dinâmicas associativas implicava procurar encontrar respostas para os novos desafios. Modernizar. Renovar.Nem sempre existiu compreensão para os problemas emergentes. As associações tinham que lutar com os seus próprios meios, e encontrar resposta aos factores diversos com os quais tinha que concorrer : o vídeo, as parabólicas, os novos canais de televisão.Outro aspecto importante que afectou, de forma muito directa, a vida das associações e o desenvolvimento do seu papel nas comunidades, foi a contradição que se gerou entre os conceitos “democracia cultural” e “democratização cultural”, que costumo, por razões de proximidade, costumo identificar com o conceito de “municipalização cultural”.
Um cidadão actor na cidade Os desafios que se colocam nos tempos de hoje ao associativismo são diversos, mas o mais importante, reside nas suas capacidades de se afirmar como parceiro reconhecido e indispensável, nas estratégias de promoção da “democracia cultural”.A “democracia cultural” abre espaço à participação, à vivência da cidadania de forma activa. Um cidadão actor (como dirá Beja Santos – consumactor) .A “democratização cultural” reduz os cidadãos a meros consumidores de fenómenos culturais. Um cidadão consumidor.Este um debate que está por fazer e por ele, sem dúvida, vai passar a definição do papel do associativismo na construção da cidadania do século XXI.Ainda não é tarde…mas se este debate não for feito e aprofundado, talvez, no futuro, se lamente que os cidadãos fiquem indiferentes ao associativismo.
 
Share |
posted by ARCOV at 25.4.09 | comenta este post


0 Comentários:


Copyright © ARCOV | imagem&comunicação 2006-2010 ® todos os direitos reservados